Paisagem e Território

<aside> <img src="notion://custom_emoji/271c8ae3-cdb8-4a99-b272-92bc1e8a6864/20728f30-60e8-80c5-a8d4-007a2da876c6" alt="notion://custom_emoji/271c8ae3-cdb8-4a99-b272-92bc1e8a6864/20728f30-60e8-80c5-a8d4-007a2da876c6" width="40px" />

O LIVRE propõe uma cidade indissociável da paisagem e do território. Entendemos o Porto como uma cidade integrada num ecossistema alargado que desejamos tornar mais verde, saudável e justo para o futuro. Queremos uma cidade preparada para enfrentar as crises climáticas e que permita o reencontro com os solos, rios e jardins, onde o bem-estar das pessoas, dos animais e do próprio ambiente caminhem lado a lado.

Para o próximo quarto de século, defendemos um ordenamento ecológico do território, uma visão ampla que se estrutura em quatro eixos: estrutura verde, ambiente saudável, proteção de recursos naturais e bem-estar animal. Priorizamos, desde o primeiro dia, implementar o urgente Plano Municipal de Arborização. Queremos reforçar a estrutura verde, apostando na criação de uma rede de refúgios climáticos acessíveis e de proximidade, uma rede de Quintas Cidadãs e de jardins comunitários, tendo o município como facilitador de acesso e cedência a iniciativas cidadãs de prática agrícola, educativa, sobre ecologia ou de criação. Uma cidade ecológica inclui também uma rede de Corredores Verdes e Veredas que conectam espaços verdes, agrícolas e urbanos, promovendo mobilidade suave e conectividade ecológica.

Para um ambiente saudável, importa monitorizar e promover a melhoria dos elementos naturais, seja da qualidade do ar e do ruído, da poluição luminosa e do impacto do transporte aéreo. Reforça-se a importância do investimento em higiene urbana, a manutenção de espaços públicos, a ampliação da recolha de bio-resíduos e compostagem comunitária, bem como a circularidade na construção e a educação ambiental comunitária. O combate ao desperdício alimentar é uma política de apoio social que reduz o impacto ambiental das crescentes atividades de hotelaria.

Relativamente à proteção de recursos e bens comuns, o LIVRE procura o fomento às Comunidades de Energia Renovável, o mapeamento e conhecimento dos solos urbanos, e a continuação da renaturalização das ribeiras e rios que atravessam a cidade, bem como a moderação do uso comercial do rio Douro. Defende-se o uso mais eficiente da água no setor público e privado, incentivo à reutilização de águas residuais e o fortalecimento da formação e da ciência cidadã.

Um ecossistema é habitado por diversas espécies e seres vivos, pelo que em relação ao bem-estar animal, propõe-se a criação de uma Provedoria dos Animais, ações contra maus-tratos, apoio a tutores em situação de vulnerabilidade, programas de educação e adoção responsável, e a criação de Casas dos Animais.

Uma cidade ecológica exige um plano transversal e participativo, focado na resiliência climática, biodiversidade, saúde pública e bem-estar animal: uma cidade onde viver bem é possível para todos.

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Estrutura verde (e ecossistema urbano)

  1. Criar uma rede de refúgios climáticos, locais espalhados por toda a cidade, acessíveis e a poucos minutos a pé, onde as pessoas possam abrigar-se em casos de eventos climáticos extremos, como ondas de calor ou tempestades intensas, mas também conviver e realizar atividades de recreio e de lazer.
  2. Criar uma rede de Quintas Cidadãs, jardins comunitários e outras tipologias de espaços verdes urbanos, orientados para as comunidades e com a facilitação de gestão pelo município.
  3. Implementar uma rede de Corredores Verdes e Veredas que ligam os espaços verdes, espaços agrícolas, Quintas Cidadãs e terrenos vagos, melhorando a conectividade ecológica e ****funcionando como eixos ****de mobilidade suave, pedonal e ciclável, integrados na rede de transportes públicos existente e que melhorem a qualidade da paisagem urbana, como suporte à sustentabilidade e resiliência da cidade face às alterações climáticas.
  4. Promover e implementar um Ordenamento do Território de base ecológica, respeitando a aptidão ecológica do território para as atividades humanas, nomeadamente:
  5. Implementar o Plano Municipal de Arborização, acompanhando e alargando o desenvolvimento dos seus objetivos específicos e a calendarização da execução das intervenções para garantir a expansão continuada dos espaços arborizados da cidade.
  6. Desenvolver um programa de reordenamento e gestão da paisagem (PRGP) à escala metropolitana (AMP) e regional, como promoção da economia peri-urbana e rural, visando tornar a paisagem mais resiliente ao fogo, capacitando e compensando economicamente as comunidades e os responsáveis pela sua gestão.
  7. Aumentar o número de espaços verdes urbanos no município (área/habitante), tendo por objectivo estratégico atingir os 28m2/habitante, dando prioridade às áreas que se sobrepõem com a estrutura ecológica urbana e às áreas consideradas com sensibilidade ecológica ou exposição e susceptibilidade a riscos naturais.
  8. Criar o programa Despir o Solo, um programa de incentivo à permeabilização de áreas urbanas públicas e privadas, medida essencial de adaptação às alterações climáticas, considerando logradouros, jardins, vazios urbanos ou áreas edificadas e abandonadas para incluir na estrutura verde de interesse público, prevendo a compra de terrenos privados e, se necessário, permutas de terrenos.
  9. Incentivar a recuperação de espaços verdes, públicos e privados, privilegiando as espécies de plantas autóctones e silvestres melíferas em detrimento de plantas ornamentais exóticas, suportando a biodiversidade local e promovendo a abundância e diversidade das espécies de polinizadores.
  10. Trabalhar com as Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA), de cariz nacional e local, estabelecendo uma estratégia de diálogo permanente com a população, nomeadamente para a multiplicação de projetos de intervenção ambiental de caráter cívico, participativo e comunitário, procurando formas de financiamento que corresponsabilizem empresas e instituições públicas.
  11. Promover um Programa de Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas, valorizando as oportunidades existentes na Área Metropolitana (ex. Parque das Serras do Porto) em articulação com as autoridades competentes e organizações já existentes.
  12. Criar uma Provedoria do Ambiente para desenhar e aplicar uma resposta em rede aos desafios provocados pela crise climática, reunindo os contributos da sociedade civil, da comunidade científica e académica, e dos especialistas municipais, com o objetivo de criar sinergias entre os diferentes níveis de atuação política (local, regional, nacional e europeu).
  13. Criar um programa de monitorização e gestão de invasões biológicas e criação de incentivos para a remoção e controlo destas espécies e para o restauro ecológico das áreas com mais potencial para integrar a infraestrutura verde dos municípios da AMP.
  14. Promover a integração dos serviços de ecossistemas no processo de ordenamento do território municipal (provisão de água e alimentos, mitigação e adaptação às alterações climáticas, serviços de lazer e de fruição da paisagem, entre outros**),** incluindo nos novos planos de urbanização em curso para Campanhã, Nun’Álvares e Lordelo do Ouro, ****e desenvolver uma avaliação dos seus benefícios para a qualidade de vida humana e para a conservação da biodiversidade em meio urbano.
  15. Usar modelos climáticos de base local com métricas de análise e avaliação de riscos no âmbito do município, fundamentais para avaliar e visualizar os riscos ambientais e as vulnerabilidades socioeconómicas, humanas e ecológicas que lhes estão associadas.
  16. Enquadrar todos os projetos, políticas e iniciativas municipais e de âmbito local nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), monitorizando e adequando ações neste âmbito, permitindo identificar fragilidades, lacunas e bons resultados.