Mobilidade e Espaço público

<aside> <img src="notion://custom_emoji/271c8ae3-cdb8-4a99-b272-92bc1e8a6864/20728f30-60e8-80c5-a8d4-007a2da876c6" alt="notion://custom_emoji/271c8ae3-cdb8-4a99-b272-92bc1e8a6864/20728f30-60e8-80c5-a8d4-007a2da876c6" width="40px" />

Os espaços comuns são utilizados todos os dias pelas pessoas para se deslocarem, descansarem e conviverem na cidade. Mobilidade eficaz e um espaço público acessível para todas as pessoas são pedras basilares de uma sociedade democrática: o ser humano desloca-se de forma regular para suprir as necessidades mais básicas, mas os desafios para uma mobilidade que coloque as pessoas no centro do espaço público são cada vez maiores.

Não podemos continuar a  ter uma cidade planeada e dominada pelo automóvel individual. É urgente criar, implementar e reforçar programas de mobilidade sustentável que respondam às necessidades das diferentes camadas da população do Porto e de toda a área metropolitana: tanto a mobilidade como a gestão do espaço público numa dimensão territorial devem ter políticas intermunicipais.

Consideramos que o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável necessita de uma nova discussão pública, mais abrangente, para que seja possível chegar a um consenso alargado sobre as alterações estruturais de que a cidade precisa. Devemos reabrir a discussão sobre a Linha de Alta Velocidade, as suas implicações no território de Campanhã e sobre a oportunidade de começar um plano estruturado para, de forma progressiva, converter a Via de Cintura Interna e a Circunvalação em alamedas urbanas, integradas na cidade que hoje dividem.

É necessário pensar numa cidade mais próxima daqueles que nela moram, onde os serviços e necessidades quotidianas possam ser respondidas, de forma rápida e confortável, em deslocações suaves de bicicleta ou a pé. Assim, queremos inverter a tendência dos últimos anos e aumentar a rede de ciclovias, de forma integrada, para 100 quilómetros.

É preciso cumprir o compromisso da segurança rodoviária e garantir que as pessoas de todas as faixas etárias possam deslocar-se de forma segura, a pé, de bicicleta ou de transporte público, lutando por um Porto com zero vítimas em acidentes rodoviários.

Importa ainda garantir que os transportes públicos são uma verdadeira rede, que a todos abrange e a todos serve. Para isso é necessário implementar sistemas de mobilidade capazes de conciliar os diferentes meios de transporte numa intermodalidade eficaz, suprindo as lacunas deixadas pela rede de serviços existente. É também urgente garantir a eficiência do sistema, através de 200 quilómetros de corredores BUS dedicados, e de um reforço da rede e frequências dos transportes públicos.

No LIVRE acreditamos numa mudança de paradigma na área da mobilidade e do acesso aos espaços públicos e comuns. É imperativo reorganizar a forma como nos movemos e ocupamos a cidade. Para isso temos de colocar as pessoas — e não o automóvel — no centro da ação política.

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Cidade coesa e sustentável: urbanismo para o futuro

  1. Implementar o programa Viver a Cidade, de intervenção urbanística com vista a uma cidade inclusiva, através de ações integradas que promovam a existência de diversas centralidades em rede, considerando a mobilidade suave e transportes públicos, e ancorada em equipamentos e serviços públicos:
  2. Promover o desenho urbano inclusivo, adequando a via pública e o edificado público a todas as idades, funcionalidades e condicionamentos físico-motores ao:
  3. Revitalizar largos, logradouros, coretos, jardins, pátios e outros espaços públicos ou comuns, através de programação cultural participada para utilização ou usufruto da população, em particular daquela com mobilidade reduzida.
  4. Incluir dados relativos à qualidade da paisagem urbana, ambiental e de vida comunitária do espaço público no Observatório de Habitação Social do Município do Porto**.**
  5. Rever os Instrumentos de Gestão Urbanística e Planos Diretores Municipais para:
  6. Dotar a paisagem de maior resiliência às alterações climáticas através da Estrutura Ecológica Municipal, do ordenamento dos elementos da paisagem (mata, culturas, sebes) e da implementação das infraestruturas necessárias, preferencialmente verdes, para a redução dos riscos naturais (inundações, secas, deslizamento de vertentes, incêndios florestais e urbanos, sismos etc.) ao:
  7. Reforçar o ordenamento do território municipal, metropolitano e regional, considerando as alterações climáticas, a degradação ecológica e ambiental e os riscos associados, através da integração de soluções para a adaptação a estes desafios, atualizando os planos Directores Municipais.
  8. Limitar a publicidade no espaço público, reduzindo o número e dimensão de outdoors e MUPIs, entre outros, reduzindo a poluição visual e luminosa que provocam e salvaguardando paisagem e património, bem como a segurança rodoviária e a acessibilidade dos passeios.

Uma cidade inclusiva à distância de um passeio

  1. Reconfigurar o desenho do espaço urbano retirando prioridade ao automóvel, priorizando sempre os peões, mesmo em áreas sem passadeiras, e garantindo que os espaços verdes estejam abertos à circulação pedonal, procurando:
  2. Repensar a mobilidade nas zonas envolventes das escolas, privilegiando a mobilidade pedonal e suave, procurando reduzir a dependência do automóvel e promovendo a autonomia e desenvolvimento integral das crianças e jovens, nomeadamente através de:
  3. Conduzir inquéritos à mobilidade pedonal para identificar constrangimentos não reconhecidos e promover a acessibilidade nas vias urbanas, que devem incluir a análise das necessidades de grupos específicos, como mulheres, idosos, crianças e pessoas com mobilidade reduzida. A avaliação deverá abranger todo o trajeto desde a residência até ao destino, assegurando percursos seguros, confortáveis e sustentáveis, que incentivem a utilização de modos de transporte ecológicos e que contribuam para a criação de um ambiente urbano mais inclusivo e verde.
  4. Colocar o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável novamente em discussão pública, envolvendo especialistas de cada área, as associações e movimento cívicos que há anos estudam a mobilidade na cidade e os residentes e comerciantes da cidade, para que seja possível chegar a um consenso alargado sobre as alterações estruturais de que a cidade precisa, nomeadamente para alteração da centralidade automóvel nas ruas da cidade.
  5. Promover a criação de mapas pedonais ao nível dos bairros e freguesias, indicando tempos de caminhada entre equipamentos públicos e comércio, à imagem do “Metro Minuto” adotado em Pontevedra e outras cidades europeias.
  6. Criar um programa abrangente de abertura regular (semanal/mensal) de ruas às pessoas, interditando o trânsito motorizado que incida sobre os bairros residenciais, servindo estes encerramentos temporários como teste para possíveis soluções mais permanentes.

Um sistema de transporte público flexível e resiliente

  1. Promover um sistema integrado de transporte público que assegure circuitos de proximidade e ligação rápida entre autocarros, metro, elétricos, comboio e transporte fluvial em toda a cidade e a qualquer hora, incluindo horários noturnos, procurando reduzir as distâncias dos transbordos.